domingo, 12 de junho de 2016

"Love is a verb" *



Não sei bem se é só coisa da nossa cabeça. Mas a gente faz coisas que até Zeus duvidaria. Pobre de nós, meros mortais. Criamos paixões, amores eternos e até dor de barriga. E quando a paixão atropela? Sei não. Paixão, amor, tudo reações químicas. Coisas do cérebro. Mas quando elas acontecem, sai da frente, do lado, de cima, de baixo. Massa cinzenta vira paleta de cores. Pinta amores em tons pastéis e paixões avassaladoras em rubi. Sensatez vira história. Lucidez? Nunca ouvi falar. Logo eu, tão sensata e comedida. Parece não haver exceção. Somos todos vítimas do acaso arrebatador. Venha ele na forma de paixão, de amor, de ódio, de dor de barriga... Ninguém escapa. A autossuficiência da moça, fica capenga. Sem pestanejar, liga bêbada de madrugada para ele para bater um papo (desculpa esta que, aliás, nunca convenceu ninguém, vão por mim); vai atrás dele em outro estado; resolve casar na Holanda ou em Las Vegas de all star. A sensatez do rapaz evapora. Ele, também, liga bêbado de madrugada para deixar transbordar um “eu te amo, sempre te amei e sempre vou te amar”; atravessa o país para ir atrás dela; pega-a pelas mãos e diz “preferes Las Vegas ou a Holanda? Não esquece de colocar teu all star mais bonito”. Há quem diga que ele pode também, por desespero, se embolar com a melhor amiga da moça. Um tiro fatal no próprio pé. Só Freud explicaria. E, acreditem ou não, é assim mesmo quando é uníssono. Não correspondido. E isso é triste. E belo! 
A razão freia muita coisa, mas não isso. Eu também sou assim. Maluca? Não, credo, cruz! Autossuficiente, comedida, sensata. Até a próxima paixão. Não me sou desleal, não adianta. Já fiz yôga, pilates, até kung-fu para tentar entender meu ying e meu yang. E concluí que ser maluca é saudável. Ser diferente é se harmonizar. Diria que sou emocionalmente criativa. Pronto. Isso é o que melhor me define. A loucura para mim é essencial, assim como a razão. Afinal, “há sempre alguma loucura no amor. Mas há um pouco de razão na loucura”. Não dá pra questionar Nietzsche. O que os outros pensam? Não sei. Não leio pensamentos! O que eu penso? Ainda tento entender. O que sinto? Sinto muito, demais, além da conta, com 10% por cento e couvert artístico.  Sem shows, nem plateia.                                             

*Fruto de uma parceria sazonal, repleta de conteúdo e boa música.

2 comentários:

Palavra Inoportuna disse...

lies mal der Erzählung von E.T.A. Hoffmann der Einsiedler Serapion (O Anacoreta Serapião). Eu diria que a loucura é a sensatez que nos liberta para o mundo... http://www.zeno.org/Literatur/M/Hoffmann,+E.+T.+A./Erz%C3%A4hlungen,+M%C3%A4rchen+und+Schriften/Die+Serapionsbr%C3%BCder/Erster+Band/Erster+Abschnitt/%5BDer+Einsiedler+Serapion%5D

Marussa Camargo disse...

Bravo!!! Amo a veia poética de minha amiga boloka.