Sentados no
jardim eles conversam e se divertem um com o outro como de costume. À frente
deles, duas taças de vinho tinto, uma paixão que sempre compartilharam.
O amigo:
por que você nunca disse uma palavra a respeito?
A amiga:
Porque não fazia sentido.
O amigo: E
agora faz?
A amiga:
Menos ainda.
O amigo: E
por que tocar no assunto agora?
A amiga: E
por que não? Tens medo de mim ou de ti?
O amigo:
Dos dois. Sempre fomos imbatíveis juntos.
A amiga:
Por que você nunca tentou nada?
O amigo: Eu
tentei. Você é que não percebeu.
A amiga,
com uma elegância peculiar, respira fundo e oferecendo a
ele um leve sorriso, responde calmamente: Sutileza tem limite.
O amigo: E
você? Por que nunca foi franca?
A amiga:
Não confunda franca com fácil. Eu sempre estava na mulher que querias ao teu
lado, mas na hora de agir, o alvo era sempre outro. Ela sempre tinha que caber exatamente na sua insegurança.
O amigo:
Você está me culpando?
A amiga:
Pelo quê? Não há culpados e nem vestígios se não há crime.
O amigo: De
fato... mas por que nunca aconteceu nada? Por que a amizade?
A amiga,
fazendo um brinde solitário com o ar, responde: porque eu queria ficar na tua
vida e não passar pela tua cama. Tenho que ir. Tenho uma reunião importante
daqui a meia hora.
Os amigos
(em coro): Fica bem e te cuida.
Sorriem e
se olhando profundamente, enfim, reconhecem que o medo de perderem um ao outro
fora maior que a coragem de se ganharem.
*Conto abrigado há algum tempo pela D. Amiga Jô Oliveira em fragmentosdejo.blogspot.de
Um comentário:
Sinceridade é tão difícil, mas salva amizades, quando verdadeiras.Indo dormir pensando nas antigas amizades coloridas, kkkk.
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